O reajuste na passagem de ônibus na Grande Vitória foi de R$ 0,15 nos ônibus regulares, o que pode não ser muito como um valor unitário, mas pesa no fim do mês para o trabalhador: representa 18% do salário mínimo mensal. A nova tarifa, de R$ 3,90, começou a valer nesta segunda-feira (6) e não deixou os usuários de transporte público satisfeitos.
A moradora de Vila Velha Nelma Tesche está desempregada desde 2015 e contou que pega ônibus pelo menos três vezes por semana para tentar procurar trabalho e também para outros compromissos.
O dinheiro é contado, porque a única renda que ela tem é de R$ 500 que recebe de um aluguel. “É uma dificuldade muito grande você sair de casa, gastar aquilo que você não tem para procurar um emprego”, disse.
Mas mesmo para quem tem emprego e recebe ajuda do patrão na compra da passagem, o aumento pesou no bolso. “É um custo a mais no bolso da gente, pesa. Mesmo que a empresa divida com a gente os valores, acaba pesando no orçamento”, reclamou a operadora de caixa Mirian de Jesus Santos.
A cozinheira Cristiane Martins pega ônibus todos os dias e opinou que o aumento da passagem não condiz com a qualidade do transporte oferecido.
“Eu pego o coletivo às 6h e está lotado. São dois ônibus que eu pego, sempre superlotados na ida e na volta. Pra mim, não tem motivo para aumentar o valor da passagem”, opinou.
Os ônibus municipais, que circulam apenas dentro de Vitória ou Vila Velha, também estão custando os mesmos R$ 3,90 cobrados no sistema Transcol , formado por coletivos que fazem viagens intermunicipais na região Metropolitana.
Esse foi outro ponto de reclamação dos passageiros. “É um absurdo, porque todo trajeto que a gente faz em Vitória é rápido, é perto. Então comparado às outras grandes capitais que você anda 45 minutos, uma hora para chegar ao destino, não vale a pena”, reclamou a dona de casa Irailde Porto.
Um trabalhador que faz duas viagens de ônibus por dia pagando R$ 3,90 em cada uma gasta R$ 7,80. Por mês, essa mesma pessoa vai pagar R$ 187,20 (contando seis dias da semana trabalhados). Isso representa cerca de 18% da renda de quem ganha um salário mínimo.
“Muita gente fala ‘ah, mas aumentou só R$ 0,15’, mas no fim do mês pesa sim substancialmente no final do mês, ainda mais para quem ganha um salário mínimo”, afirmou o economista Mário Vasconcelos.
Em entrevista ao Bom Dia ES, o economista disse que em uma situação assim, é preciso que o trabalhador faça boas escolhas no que vai gastar com a renda mensal.
“É um percentual significativo se você considerar que outros gastos também pesam na conta do trabalhador do salário mínimo, como alimentação, moradia. O salário mínimo não vai mudar até o fim do ano, mas os gastos vão variar. Então, deve-se escolher algo para ‘sacrificar’, como um lazer, uma refeição fora de casa. É preciso fazer sacrifícios, mudar um padrão de consumo”, explicou.
Fonte: g1.globo.com