A Prefeitura Municipal de Marataízes está dando suporte ao curta-metragem Yzis em Pindorama, uma produção da Casa Roxa Cultural que conta com recursos da Lei Paulo Gustavo. O projeto, viabilizado através da Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico, da Secretaria da Cultura do Espírito Santo (SECULT/ES) e do Ministério da Cultura, traz à tona a rica história por trás da lenda de Marataízes.
O filme tem como inspiração a lenda urbana local “Mataram Yzis”, resgatando mitos e memórias de resistência dos povos afro-indígenas do sul capixaba. Conforme a sinopse, Yzis, uma jovem indígena, é brutalmente assassinada em 1500. Após sua morte, o deus indígena Ayangá a transforma em uma coruja-buraqueira imortal – um símbolo de vigilância espiritual que, ao longo dos séculos, testemunha desde o genocídio dos povos originários até a escravidão negra e os desafios ambientais enfrentados atualmente.
A obra é também uma homenagem ao antigo nome do município, Marathayzis, e à lenda que circula oralmente entre os moradores mais antigos. A coruja-buraqueira, uma ave nativa frequentemente avistada nas praias de Marataízes, representa a ancestralidade viva que observa e resiste à passagem do tempo.
O curta, que foi co-dirigido e protagonizado pela artista indígena capixaba Thamilles Rodrigues e conta com a autoria de Guilherme Nascimento, é fruto de uma produção coletiva da Casa Roxa Cultural, que reúne diversos artistas populares da região. As gravações aconteceram em belíssimos cenários naturais de Marataízes, Itapemirim e Rio Novo do Sul, abrangendo cachoeiras, florestas, praias, rios e áreas rurais.
Yzis em Pindorama já pode ser assistido gratuitamente no YouTube. Confira o filme neste link.
Entenda mais sobre a história de Marataízes.
Marataízes e Itapemirim: Raízes Históricas e a Origem da “Lenda de Marataízes”
Marataízes compartilha suas origens históricas com o município vizinho de Itapemirim. O povoamento da região teve início em 1539, quando Pedro da Silveira fundou uma fazenda próxima à foz do rio Itapemirim. Em torno de 1700, famílias vindas da Bahia – entre elas Domingos Freitas Bueno Caxangá, Pedro Silveira e outros – dedicaram-se à cultura da cana-de-açúcar, impulsionando o desenvolvimento do povoado.
Em 1771, após o ataque dos índios Puris às Minas do Castelo (atual município de Castelo), os moradores buscaram refúgio na foz do rio Itapemirim e fundaram a Freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio, hoje conhecida como Barra do Itapemirim. O Porto da Barra do Itapemirim desempenhou papel fundamental, sendo a principal via de entrada dos primeiros colonizadores e de saída dos produtos locais.
Avançando para o século XX, em 1901, o engenheiro Emílio Stein inovou ao iluminar sua oficina e o Trapiche com energia elétrica gerada por um dínamo a vapor, marcando a instalação da primeira usina elétrica do Estado.
A origem do nome “Marataízes” é repleta de histórias e mitos. Acredita-se que ele derive da língua tupi-guarani, significando “água que corre para o mar”, em referência à abundância de lagoas que se conectam com o oceano. Contudo, diversas versões também circulam entre os moradores. Uma delas conta a lenda indígena em que, após a morte da índia Ísis, a tribo teria clamado “Mataram Ísis”, dando origem à expressão que, com o tempo, se transformou na lenda de Marataízes. Outras histórias mencionam a índia Taís, que teria recebido como presente a praia que habitava – de “Mar Taís” – ou ainda relacionam a origem do nome à influência da língua “marata”, falada pelos negros da região e ligada à veneração à deusa Ísis, protetora das famílias.
Esta narrativa, que une fatos históricos à riqueza das tradições orais, reforça a identidade e a memória cultural de Marataízes, destacando a importância da lenda de Marataízes como parte do patrimônio imaterial da região.